sábado, 27 de maio de 2017

Sobre amor utópico

Numa conversa com um velho amigo, senti vontade de dividir com ele um mundo utópico criado - imaginado, inventado - por mim. Na verdade não passa de um desejo que, quando apresentado, logo de cara nota-se que jamais será humanamente possível de ser real ou um dia acontecer. Bem, para você entender do que realmente estou falando irei transcrever aqui alguns trechos de nossa conversa. Não foi bem com estas palavras, mas adaptarei para que seja entendida por todos:

Mark: "As pessoas precisam uma das outras para que as completem". Assim iniciei a conversa mais dramática da minha vida. "Eu busco alguém para dividir  coisas simples, como comer pipoca e ver um filme bobo -  drama ou terror. O importante é estar junto com alguém que seja desejado, não é? Falar de teorias e conspirações ou simplesmente sair na rua para ver e comentar sobre os homens bonitos que passam pela gente. Um alguém para dividir o que realmente estou sentindo. Sem mascaras e sem frescuras. Nossa, como eu queria isso!"

Amigo: "É Mark, eu também. Mas eu não encontro. Parece que ninguém me quer. Por isso muitas vezes me sinto sozinho e triste, e dói muito isso, sabia? Poxa, é demais pedir apenas uma pessoa para me amar de verdade?"

Mark: "Eu sei. Imagino que esta dor seja terrível mesmo. Destrói nossas almas - e corpos - silenciosamente. Mas amigo, andei pensando muito sobre isso. Um dia desejei uma besteira, daquelas bem boba mesmo. Queria que fosse possível isso: Já imaginou se Deus - ou uma força maior - nos desse um dom de curar a pessoa que a gente mais ama? Não me refiro a uma dor física, mas falo sobre as dores psicológicas ou espirituais que a solidão nos causam. Aquelas dores frias que a falta de alguém para amar nos trazem. Seria demais, não é? Mas, sei que isso é impossível, apenas uma utopia infantil e idiota. Boba e perfeita."

Amigo: "Nossa, e se isso fosse possível? Chego acreditar que é possível sim. Deus - ou esta sua força superior - nos deu este dom de curar as pessoas. E com uma coisa que já conhecemos - menos eu - e chama-se: "amor". Este sim é capaz de curar as pessoas."

Mark: "Meu amigo, já conversei sobre este "desejo" com muitas outras pessoas e a resposta é unânime: "ah,o amor é capaz de curar nossas dores espirituais e psicológicas; Ah, o amor isso, o amor aquilo... E segue comentários sobre o amor iguaizinhos aos contos de fadas."

Amigo: "Poxa vida. É mesmo?"

No final daquela tarde fria, alaranjada e melancólica, novamente me tranquei em meu quarto. "Uau, quantas certezas sobre o amor eu tenho. Devia ter orgulho de mim mesmo."  Mas não tenho, nem um pouco.

Depois desta conversa, comecei a me analisar profundamente. Eu sou um grande mentiroso. Um dissimulado de primeira linha. Cheio de dúvidas e frustrações. Será que o amor é mesmo um dom especial? Será que o ser humano esta tão insensível ou despreocupado - ou ocupado com outras coisas - que não consegue perceber isso?  Será que todos um dia irão encontrar o verdadeiro amor, aquele sem utopias e finais felizes? Afinal de contas, o que é e para que serve o amor?

Fracassado, eu já estou cansado de todo este blah, blah, blah romântico!