sábado, 12 de janeiro de 2019

"Ela, a Lua" (parte II)

Leia a parte I <AQUI >
-"Lua, o sonho ainda não acabou."

A minha Lua enxugava as lágrimas que insistiam cair do seu rosto. Seus olhos eram negros como jabuticabas e brilhavam muito quando ela chorava, e mesmo diante de toda aquela situação difícil em que estávamos passando era impossível deixar de notar a sua beleza. Lua era linda. Linda por dentro e por fora. Não sei porque mas sempre dizia a ela  que sua cor interna era verde ardósia e cheirava alecrim e sua cor por fora era lilás com tons de branco, tão belo e delicado quanto as flores de um manacá-da-serra. Vivia misturando-me com suas cores e embriagando-me com as suas essências.

"- Já não sei mais Sol. Sabe, eu estou em busca de uma resposta. Eu estou procurando momentos que guardei para sempre na minha caixa de memórias velhas e tentando recuperá-los para revivê-los. Não estou aguentando mais tanto vazio."

Lua pegou uma das minhas mãos e começou a massagear - a palma - com a ponta dos seus dedos. Ela sempre fazia isso enquanto assistíamos filmes ou quando ficávamos sentados na varanda vendo o pôr-do-sol no entardecer, aquele que sempre dava um ar melancólico e nostálgico para nossas vidas.

"- Gostaria de saber realmente porque algumas pessoas foram embora sem me dizer adeus e porque que eu ainda sinto tanto a falta delas? Porque em alguns momentos me sinto tão só? Eu sei que não caminho sozinha e que minha estrada a frente diz para me desligar do passado, um passado que traz dúvidas e medos que achei que já havia enfrentado e que me fez forte para seguir de cabeça erguida. Juro que não sei. Não sei até onde sou capaz de chegar. Fico aqui me perguntando, me torturando com meus pensamentos. Sabe, tantas e tantas vezes me pego fazendo pedidos aos céus que me dê força e coragem para enfrentar meus fracassos e que as estrelas me iluminem e me abriguem no momento da dor. Mas não sei Sol, me sinto fraca."

Lua já havia terminado a massagem na palma das minhas duas mãos. Aconchegou-se na poltrona - aquela das histórias de fim de tarde - e encostou sua cabeça no meu ombro. Já não tinha mais Sol, a noite já havia chegado e com ela trazendo a escuridão para os olhos e para o coração de Lua. Não tinha nada que eu pudesse fazer para curar sua dor. Abracei-a.

"- Amanhã. Amanhã passa!"
Leia a parte I < AQUI >

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